Rubens Barrichello coroou neste sábado, em Interlagos, a espetacular volta por cima que protagonizou na temporada de 2009. Em São Paulo, o brasileiro conquistou sua primeira pole position na temporada, após um longo duelo com Mark Webber.
Mais do que a vitória moral, Rubens deu um verdadeiro golpe psicológico em seu companheiro de equipe e rival pelo título, Jenson Button: o inglês teve um desempenho abaixo da média, sofreu com a pista molhada e conquistou apenas a 14ª posição.
Em um treino tão longo quanto imprevisível, Barrichello soube ter nervos de aço para resistir à pressão e também contou, surpreendentemente, com a sorte.
Nos segundos finais do Q2, o brasileiro estava na 10ª posição e precisava torcer para que Kamui Kobayashi, estreante da Toyota, não melhorasse seu tempo. Foi o que aconteceu: o japonês rodou na saída do "S" do Senna, em sua última volta rápida, e não conseguiu superar o vice-líder do campeonato.
No Q3, a sorte de Rubens foi ainda maior: as condições de pista começaram a melhorar de forma muito rápida nos últimos minutos da sessão, de forma que os tempos foram despencando e o brasileiro, que até então não tinha liderado sequer nenhum treino livre, estava no lugar certo e na hora certa para cravar o tempo de 1min19s576 e ficar com sua primeira pole position desde o GP do Brasil de 2004 _a 14ª de sua carreira.
Webber divide a primeira fila com o piloto da Brawn, enquanto o surpreendente Adrian Sutil, da Force India, parte em terceiro lugar. Sebastian Vettel, outro dos postulantes ao título, foi eliminado logo no Q1 e larga apenas em 15º.
A força da Williams e o drama de Vettel
No Q1, Sebastian Vettel foi o primeiro piloto a marcar tempo: em uma volta bastante cautelosa, o alemão registrou 1min39s694 _tempo mais de 26 segundos mais lento que o conquistado por Fernando Alonso no treino livre de sexta-feira.
Durante quase cinco minutos, apenas sete pilotos conseguiram figurar na tabela de tempos até a primeira bandeira vermelha, provocada por Giancarlo Fisichella: o italiano perdeu o controle de seu carro na saída do "S" do Senna, rodou e ficou com sua Ferrari atravessada na pista em um ponto de alto risco.
O treino recomeçou após 13 minutos. Lewis Hamilton, primeiro piloto a fechar uma volta após o reinício da sessão, foi quase 12s mais veloz que Vettel, então líder. Com 1min27s473, o inglês deixou a sensação de que as condições da pista estavam melhorando.
E, de fato, estavam. Os tempos foram despencando de forma consistente, até Nico Rosberg marcar 1min22s828 e não mais ter a primeira posição ameaçada. A Williams, por sinal, mostrou-se bastante competitiva: Até mesmo Kazuki Nakajima chegou a liderar a tabela de tempos.
Já os últimos minutos foram dramáticos para Sebastian Vettel: um dos postulantes ao título, o alemão simplesmente não conseguia nem marcar um tempo competitivo, nem pegar a pista livre do tráfego de carros mais lentos. Para piorar a situação, a chuva ficou mais forte exatamente no fim da sessão.
Com isso, o piloto da Red Bull abortou sua última volta rápida, foi eliminado e chegou aos boxes de sua equipe naturalmente enfurecido. Hamilton, que também tentava sair da "degola", saiu da pista, rodou, ficou ao contrário, mas conseguiu retornar ao traçado _sem, no entanto, conseguir melhorar sua classificação.
Além de Vettel, Hamilton e Fisichella, também ficaram de fora Heikki Kovalainen (McLaren) e Nick Heidfeld (BMW).
Após paralisação, Button é eliminado
O Q2 começou 16 minutos após o tempo previsto inicialmente. Por questões de segurança, a FIA manteve o treino suspenso por tempo indeterminado até que a pista estivesse em condições adequadas.
Às 14h57, quando a sessão normalmente estaria perto de sua definição, a segunda parte da classificação finalmente começou. No entanto, a ação dos pilotos durou menos de três minutos: Vintantonio Liuzzi, da Force India, perdeu o controle de seu carro no fim da reta principal, bateu de traseira no muro interno dos boxes, seguiu reto e acertou em cheio a proteção de pneus.
Os detritos do carro do italiano, que ficou completamente destruído, se espalharam por toda a área de frenagem da curva, provocando a segunda bandeira vermelha da sessão. Com o impacto da batida, a caixa de câmbio do carro de Liuzzi foi danificada e teve de ser trocada. O piloto da Force India perdeu cinco posições no grid e larga em último.
Com o treino interrompido, o Safety Car deu várias voltas pelo circuito, para verificar as condições da pista. Aparentemente, a situação estava melhor do que no início do Q1, mas ainda assim a FIA manteve o treino suspenso até as 16h10 _exatamente 1h11 de interrupção.
O tempo melhorou, a chuva diminuiu, até o sol apareceu, e Nico Rosberg manteve-se absoluto: em uma boa disputa com Mark Webber, o alemão da Williams cravou 1min20s368 e encerrou a sessão em primeiro lugar.
No entanto, o momento de tensão da segunda parte do treino ficou por conta de Jenson Button, que viveu situação muito semelhante à enfrentada por Vettel durante o Q1. O líder do campeonato completou cinco voltas seguidas para tentar deixar a zona de eliminação do Q2, mas mesmo buscando o limite, não conseguiu melhorar, ficando apenas com a distante 14ª posição.
Já Barrichello viveu drama semelhante, mas com final feliz: o brasileiro, que andou praticamente todo o tempo entre os cinco primeiros, foi perdendo posições até cair para o décimo lugar, com o cronômetro já zerado e com Kobayashi na pista, tentando melhorar sua classificação.
Entretanto, o japonês rodou na Curva do Sol e abortou sua última volta, o que manteve o vice-líder do campeonato na Superpole.
Jaime Alguersuari e Romain Grosjean se juntaram a Button, Kobayashi e Liuzzi entre os eliminados do Q2.
A fantástica pole de Barrichello
Na primeira rodada de voltas rápidas do Q3, Sebastien Buemi, surpresa do treino, levou a melhor e cravou 1min21s721. Barrichello ficou com o quarto lugar em sua primeira tentativa, mas pulou para a liderança ao marcar 1min21s167.
No entanto, embora a primeira posição tenha passado pelas mãos de Robert Kubica, Jarno Trulli e Nico Rosberg, a disputa pela pole rapidamente se restringiu a Mark Webber e Rubens Barrichello.
Com as condições de pista melhorando gradativamente e de forma até surpreendente nos minutos finais, os tempos de volta foram baixando cada vez mais. A cada volta rápida do australiano, o brasileiro respondia em seguida, em um duelo particular alucinante e imprevisível.
Na última tentativa, com o cronômetro já zerado, Webber cravou 1min19s668 e assumiu momentaneamente a primeira posição. Mas Barrichello, inspirado, voou em Interlagos e cravou o fantástico tempo de 1min19s576, para delírio da torcida presente no autódromo.
Com Button apenas em 14º e Vettel em 15º, Rubens pode, enfim, sonhar com voos mais altos, não só na corrida deste domingo como também no campeonato de 2009.
Grid de largada:
1º. Rubens Barrichello (BRA/Brawn), 1min19s576 (30 voltas)
2º. Mark Webber (AUS/Red Bull), 1min19s668 (28)
3º. Adrian Sutil (ALE/Force India), 1min19s912 (28)
4º. Jarno Trulli (ITA/Toyota), 1min20s097 (29)
5º. Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari), 1min20s168 (30)
6º. Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso), 1min20s250 (35)
7º. Nico Rosberg (ALE/Williams), 1min20s326 (31)
8º. Robert Kubica (POL/BMW), 1min20s631 (30)
9º. Kazuki Nakajima (JAP/Williams), 1min20s674 (32)
10º. Fernando Alonso (ESP/Renault), 1min21s422 (27)
11º. Kamui Kobayashi (JAP/Toyota), 1min21s960 (22)
12º. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso), 1min22s231 (25)
13º. Romain Grosjean (FRA/Renault), 1min22s477 (23)
14º. Jenson Button (ING/Brawn), 1min22s504 (12)
15º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull), 1min24s645 (12)
16º. Heikki Kovalainen (FIN/McLaren), 1min25s052 (11)
17º. Lewis Hamilton (ING/McLaren), 1min25s192 (11)
18º. Nick Heidfeld (ALE/BMW), 1min25s515 (11)
19º. Giancarlo Fisichella (ITA/Ferrari), 1min40s703 (3)
20º. Vintantonio Liuzzi (ITA/Force India), sem tempo*
Feliz Cumpleaños, Fernando!
Há 2 meses