Pela quarta vez na história, o GP do Brasil revelou ao mundo um novo campeão mundial. E o dono do título tem nome: Jenson Alexander Lyons Button.
O piloto da Brawn teve uma performance arrojada em Interlagos _bem diferente da apatia apresentada nas últimas etapas_, fez várias ultrapassagens e manteve um bom ritmo para cruzar a linha de chegada na 5ª posição.
No entanto, Button também contou com a sorte: uma sequência impressionante de acidentes na 1ª volta tirou Fernando Alonso, Adrian Sutil e Kimi Raikkonen do caminho do britânico.
Após evitar incidentes, o novo campeão sabia que precisaria de uma atuação forte e determinada para ganhar posições e não depender apenas da sorte para fechar o campeonato no Brasil. Com Rubens Barrichello na liderança, o inglês "engoliu" um a um seus adversários e, antes da décima volta, já lutava com Kamui Kobayashi _uma das gratas surpresas da prova_ pelo sexto lugar.
Barrichello, por sua vez, perdeu a liderança após seu primeiro pit stop e foi superado tanto por Mark Webber quanto por Robert Kubica, caindo para o terceiro lugar _algo que praticamente eliminou suas chances de levar a decisão do título para o GP de Abu Dhabi, já que em nenhum momento seu companheiro de equipe ficou além do oitavo lugar, posição que lhe garantia o título.
Na corrida brilhantemente vencida por Webber _que foi impecável durante toda a prova_, Button tornou-se campeão porque mostrou determinação e ímpeto. Mostrou, na pista, que queria o título hoje, e não na última etapa. Mostrou-se forte e combativo como há muito tempo não se via. Mostrou-se, ainda, determinado e veloz como um campeão.
Em um campeonato marcado pela imprevisibilidade, o inglês foi inteligente e, após a conquista de seu primeiro mundial, deixou a sensação de que sempre teve a situação sob controle, especialmente nas corridas em que não foi tão combativo.
Já Rubens Barrichello, que após o desempenho arrasador do treino de classificação, deu a impressão de que estava prestes a conquistar, enfim, sua primeira vitória "em casa", sucumbiu não apenas à velocidade de Webber e Kubica como, também, a um pneu furado nas últimas voltas, quando tinha ao menos o pódio assegurado.
Após ser superado por Lewis Hamilton no fim da prova, o brasileiro viu-se obrigado a fazer um novo pit stop e caiu para um melancólico 8º lugar. Se o sábado de Rubens foi melhor do que os seus sonhos mais otimistas, o domingo foi um cruel despertar, com seu companheiro de equipe chegando a um merecidíssimo título mundial.
Kubica, discreto e impecável, e Hamilton, arrojado e veloz como sempre, completaram o pódio de uma corrida que teve de tudo: pilotos quase transformando a curva do Laranjinha em um ringue, mangueira sendo arrastada pelo pit lane, gasolina voando pelos boxes, um súbito e improvável incêndio e a ameaça constante de chuva que, enfim, não se concretizou.
Início quente, literalmente
A corrida começou muito, mas muito agitada. Barrichello tomou a ponta na largada, mas a confusão se deu atrás. No "S" do Senna, Kovalainen e Fisichella se tocaram, com o finlandês sendo obrigado parar nos pits. Já na reta oposta, Webber fechou Raikkonen, que quebrou o bico e teve de ir aos boxes, enquanto Trulli perdeu o controle do carro na descida do lago e deu em Sutil.
Nesta colisão, Trulli estampou o muro do lado de fora da reta, enquanto Sutil, sem controle do carro, viu o carro escapar na grama e acertar Alonso, que não teve como desviar. Sem razão, Trulli foi tirar satisfação com Sutil, de maneira bem deselegante. "Ele precisa ser punido duramente", disse o italiano. "Essa reação dele foi bizarra", rebateu o alemão.
Já nos boxes, Raikkonen trocou pneus, abasteceu e voltou atrás de Kovalainen, que, afoito, levou a mangueira de combustível junto, deixando gasolina vazando. Em contato com o calor da Ferrari, que estava atrás, o carro de Kimi provocou uma pequena explosão, mas o fogo se dissipou rapidamente.
Após a prova, o finlandês da McLaren foi considerdo culpado por este incidente e, além de receber uma multa de US$ 50 mil, teve 25s acrescidos em seu tempo final, caindo da nona para a 11ª posição.
Com tudo isso, o safety car entrou na pista e saiu no fim da quarta volta. Rubinho relargou bem e abriu distância de Webber, mantendo a ponta. Button, por sua vez, já subia para sétimo ao passar Grosjean, com uma certa dificuldade. Na volta seguinte, fez o mesmo com Nakajima.
Já Vettel, nono, tentou fazer o mesmo com Nakajima, mas quase rodou e saiu da pista no Larajinha. E Button sofria atrás de Kobayashi _o estreante precisava de uma boa exibição para tentar cavar uma vaga para a próxima temporada.
Com 11 voltas completadas, Barrichello administrava, mas nem tanto, já que Webber marcava voltas voadoras de forma consecutiva. Depois de cinco voltas, a vantagem ficou em torno de dois segundos.
Estratégia mal-sucedida
O brasileiro entrou nos boxes na 21ª volta, voltando em décimo. Com isso, a liderança caiu nas mãos de Webber, enquanto Heidfeld abandonava. Button chegou a passar Kobayashi no "S" do Senna, mas tomou um "X" do japonês, destaque da prova até então.
Kubica voltou à frente de Barrichello, o que deria complicar a situação do brasileiro. No mesmo momento, Button passava Kobayashi na marra. Webber, na volta 26, parava e voltava tranquilamente na primeira posição. No giro seguinte, Rosberg abandonava.
No fim da reta oposta, Nakajima tentou passar Kobayashi, que saía dos boxes, tocou na traseira do japonês, quebrou o bico, quase decolou e foi, desgovernado, até o muro de pneus do fim da reta. Na frente, Webber liderava com 6s8 para Vettel, com Button passando Buemi na marra para ser oitavo.
Se acabasse assim a corrida, Button seria campeão (89), com Vettel (77) à frente de Rubinho (76). O alemão, parou na volta 37, quando era segundo. Foi uma parada curva, de nove segundos, mas o suficiente para deixar Vettel atrás de Button.
Com 44 voltas, Webber mantinha uma segura vantagem de 5s5 para Kubica, e 14s5 para Barrichello. Button, quarto, estava 29s1 atrás, e a posição ainda garantia o título a ele.
Barrichello parou novamente na volta 50, em 6s3, retornando em sexto, à frente de Lewis Hamilton. O líder Webber fez o mesmo na volta seguinte, voltando ainda na liderança e praticamente garantindo a vitória, com uma belíssima atuação.
A roda do título de Button
Button parou na volta 58, voltando atrás de Vettel, que parou na 56. No entanto, Kovalainen, que estava à sua frente, parou na 59, deixando o inglês em sexto _resultado que o coroaria campeão. Para melhorar ainda sua situação, Barrichello se queixava de vibração na roda traseira direita, cedendo o terceiro lugar para Hamilton, a dez voltas do fim.
Para Barrichello, o drama era ainda maior: a vibração, na verdade, era um pneu furado. Isso o obrigou a entrar nos boxes restando oito voltas para o fim, anulando todas suas chances de título. O brasileiro voltou em oitavo, e, com Button em sexto, o campeonato estava sacramentado _tanto o de pilotos quanto o de equipes, já que com os resultados em Interlagos, a Brawn assegurou o título mundial de Construtores.
Lá na frente, coube a Webber apenas levar o carro ao fim, seguido de Kubica e Hamilton. Button, em quinto, se tornava o segundo campeão inglês consecutivo.
Final:
1º. Mark Webber (AUS/Red Bull), 72 voltas em 1h32min23s081
2º. Robert Kubica (POL/BMW), a 7s626
3º. Lewis Hamilton (ING/McLaren), a 18s944
4º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull), a 19s652
5º. Jenson Button (ING/Brawn), a 29s005
6º. Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari), a 33s340
7º. Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso), a 35s991
8º. Rubens Barrichello (BRA/Brawn), a 45s454
9º. Kamui Kobayashi (JAP/Toyota), a 1min03s324
10º. Giancarlo Fisichella (ITA/Ferrari), a 1min10s665
11º. Vintantonio Liuzzi (ITA/Force India), a 1min11s388
12º. Heikki Kovalainen (FIN/McLaren), a 1min13s499
13º. Romain Grosjean (FRA/Renault), a 1 volta
14º. Jaime Alguersuari (ESP/Toro Rosso), a 1 volta
Não completaram:
Kazuki Nakajima (JAP/Williams), 31 voltas
Nico Rosberg (ALE/Williams), 28 voltas
Nick Heidfeld (ALE/BMW), 22 voltas
Adrian Sutil (ALE/Force India), 1 volta
Jarno Trulli (ITA/Toyota), 1 volta
Fernando Alonso (ESP/Renault), 1 volta
Melhor volta: Mark Webber - 1min13s733 ( 25ª volta )
18 de out. de 2009
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